sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Volta Dunga?



Uma Copa América pífia e alguns amistosos ruins já fazem alguns torcedores pedirem a volta do antigo treinador da seleção, seja por ironia, seja por um desejo íntimo e verdadeiro de ver aquele futebolzinho de resultados de volta. Mas o que acontece com a seleção do Mano que ainda não se acertou?

Bom, não são poucos os fatores. Mas eu indicaria três que não têm alcançado tanta repercussão por uma parte da imprensa (ou pelo menos dois deles, já que o terceiro parece ser a causa de todos os males), mas que considero importantes. Herança, calendário e erros de convocação.

Quando Dunga se fechou com vários jogadores que possuíam idade pra jogar em 2010 a sua última Copa do Mundo ele sepultava o rejuvenescimento da seleção e deixava o futuro incerto. Sucesso ou fracasso na Copa do Mundo significariam a necessidade de renovação. Ou seja, não se teria uma base para começar um novo trabalho. Para utilizar uma palavra da moda, não restaria legado. Dito e feito. Foi o que aconteceu. E da forma trágica, que faz com que a exigência do torcedor seja maior e a paciência, por sua vez, menor. Há poucos jogadores que estiveram em 2010 com idade pra jogar em 2014. E alguns deles não estão em boa fase, física ou técnica. Mano tem então que transformar essa terra árida em terra produtiva e não conseguiu até o momento.

O calendário também é ingrato. Não o calendário físico, exatamente. Ou o com datas FIFAS. Mas a seleção fora das eliminatórias faz com que se perca diversas partidas oficiais, pra valer! As Olimpíadas não serão com a seleção principal. Restavam a Copa América e a Copa das Confederações. A primeira acontece muito cedo. A segunda, muito tarde. Para montar um time saindo do ponto zero, teria a CBF que marcar vários jogos de dificuldades variadas, alguns com sparings mesmo, para que se conseguisse formar um grupo que pudesse ganhar força na Copa América. Os amistosos acabaram não sendo nem em número adequado e faltaram algumas seleções de porte menor pra dar confiança e para o grupo jogar. Assim, a Copa América viu uma seleção sem qualquer entrosamento.

Por fim, Mano cometeu equívocos inaceitáveis em suas convocações. Alguns acontecem por não se ter a base. Outros pelo calendário. Mas insistir com André Santos, por exemplo, é dureza. Teimosia típica deste ser incompreendido que se chama treinador de futebol. Assim, Mano assume sua parcela de culpa por não ser capaz de acertar nas convocações e insistir em jogadores “bons de clube”, mas que não têm futebol para jogar com a camisa amarela. Muito menos como titulares absolutos.

Os erros do treinador precisam ser corrigidos. Pedir a volta de Dunga seria abraçar outros erros ao invés de se buscar algo melhor. Mano pode ser melhor do que vem sendo. Esta saudade do que não foi não faz sentido. O futebol da seleção de Dunga não era fantástico. Sequer era bom. E, por mais que o ruim nos faça achar o gosto do razoável palatável, há mais para a seleção do que isso. Há que se buscar pelo menos o bom. Por enquanto, certamente com Mano. Não com Dunga.

Rafael Castelo

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